Por Edinaldo Moreno - Jornal de Fato
Estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Escola Estadual Gilberto Rola, localizada na Maísa, zona rural de Mossoró, criaram um pulverizador agrícola movido à energia solar e de baixo custo, destinado a pequenos agricultores em áreas de assentamento. A iniciativa foi destaque durante o II Encontro Estadual de Educadoras e Educadores do Campo Potiguar, que ocorreu, em Natal, nesta semana.
O projeto surgiu a partir de uma questão levantada na própria escola se seria possível desenvolver um pulverizador acessível, utilizando materiais reciclados, que atendesse às necessidades dos agricultores familiares. Alunos e professores começaram a planejar o desenvolvimento do equipamento, utilizando materiais coletados em sucatas, empresas e estabelecimentos locais.
O objetivo era claro: enfrentar a dificuldade dos pequenos agricultores em acessar tecnologias agrícolas modernas devido ao alto custo. Sob a orientação do professor de Ciências Naturais, Ramon Torquato, o projeto se fundamentou em quatro pilares essenciais: inovação, sustentabilidade, economicidade e funcionalidade.
“O desenvolvimento deste pulverizador vai ao encontro de uma necessidade real da nossa comunidade. É uma proposta que integra a prática escolar com a Feira de Ciências e tem grande potencial para promover avanços tecnológicos voltados à agricultura familiar”, destaca o educador.
O pulverizador solar desenvolvido pelos estudantes da Escola Estadual Gilberto Rola oferece uma solução inovadora e sustentável para os desafios da agricultura familiar, promovendo a competitividade dos pequenos produtores e destacando o papel essencial da Educação do Campo no desenvolvimento de tecnologias acessíveis e eficientes.
O processo de construção contou também com o apoio de profissionais locais nas áreas de solda, mecânica, hidráulica e elétrica, que ajudaram a aprimorar o projeto. O resultado foi um equipamento eficiente, sustentável e de baixo custo, alinhado às demandas dos pequenos produtores rurais.
A estudante Antonia Carla, que cursa a EJA, foi uma das participantes do projeto. Ela relata a ansiedade inicial ao saber que participaria da Feira de Ciências da 12ª DIREC. “Quando o professor nos informou, fiquei muito ansiosa. Fazia mais de 20 anos que eu não estudava, e seria comparada a projetos de jovens que já estão engajados no estudo. Mas conforme avançamos nas pesquisas e na reciclagem, fui ficando mais tranquila e acreditei na minha capacidade de contribuir para o desenvolvimento do pulverizador”, comenta a estudante. O projeto foi criado por Antonia e pelos estudantes Antônio Jesus e Maria Oliveira.
Além do impacto tecnológico, o projeto tem um forte viés social, trazendo soluções que podem melhorar significativamente a vida de agricultores familiares. “Como alguém que vive na zona rural, sei como é difícil para um pequeno produtor utilizar um pulverizador costal, que pesa cerca de 20 kg”, explica Antonia. “Criar um equipamento sustentável, que alivia essa carga física e ainda é acessível, foi uma conquista incrível.”
Para a secretária de Educação do Rio Grande do Norte, Socorro Batista, o sucesso do projeto demonstra o poder transformador da educação integrada ao campo. “Essa iniciativa prova que é possível aumentar a produtividade dos agricultores por meio de soluções pensadas e desenvolvidas por estudantes que vivem essa realidade. Eles são capazes de criar alternativas viáveis para melhorar a vida no campo.”