Uma das paixões do pequeno John Erick, de 10 anos, é sua coleção de carrinhos de brinquedo. São mais de 150 itens que foram chegando conforme o garoto precisava ser “furado”. As injeções fazem parte do tratamento para anemia falciforme, doença sanguínea agressiva que o jovem possui. Neste Natal, o menino fez um único pedido ao Papai Noel: sua cura por meio de um doador.
“Vou poder jogar bola, vou poder tomar banho de praia, vou poder tomar banho de biqueira… vou poder fazer tudo. Esse é o meu sonho”, disse o garoto.
Os principais desejos de John são fazer atividades normais para qualquer criança de sua idade. A enfermidade impede que o garoto faça exercícios físicos ou possa ir à praia, por exemplo.
Atualmente, ele reage bem ao tratamento realizado via Sistema Único de Saúde (SUS), mas a cura para a doença que ele pediu ao Papai Noel só será possível através de um transplante de medula óssea, aguardado por John e sua família há seis anos.
“Meu maior sonho é ser curado. Isso, pra mim, é como ganhar um planeta inteiro só pra brincar. Hoje eu sinto falta de ir pra praia e jogar bola mais meus amigos. Quando for curado, vou voltar a fazer isso”, explicou o garoto.
Quem está ao lado do pequeno John nessa batalha é a mãe dele, Grazy Kelly. Grávida de dois meses, ela nutre a esperança que seu bebê possa ser compatível com seu filho mais velho e, posteriormente, possa fazer a doação de medula. Ela reforça que a gravidez não foi pensada com essa finalidade e explicou como está o tratamento do filho atualmente.
“John responde bem aos medicamentos de alto custo, e graças a Deus está respondendo bem. E por enquanto essa hipótese (do transplante) pra os médicos é descartada. Mas pra John não. Jhon quer ser uma criança normal. A gente tem que acreditar também”, explica.
Segundo Grazy, a anemia falciforme de John foi descoberta com três meses de vida. No início, a família acreditava ser o tipo convencional da doença, mas seguidas crises ocorreram, até que John precisou se internar. “Foi aí que eu fui a realidade da doença”, disse.
Durante os dez anos de vida, Grazy se diz surpresa com o tamanho da força do filho e destacou que o pequeno John é um “guerreiro”.
“Ele passa por toda essa situação sorrindo. Ele é guerreiro e me ensinou a ser guerreira. Eu nunca tinha entrado numa luta dessa, e foi ele que me ensinou a ter força”, explicou .
Para se tornar um doador de medula óssea, é preciso ter entre 18 e 35 anos e estar bem de saúde. E não ter doença que possa ser transmitida pelo sangue, como Aids e hepatite, ou histórico de doença neoplásica (câncer), hematológica ou autoimune (como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide).
O voluntário só precisa fazer um cadastro e um exame de sangue em um hemocentro. Para o cadastramento, o doador deve apresentar um documento original de identidade e preencher um formulário com suas informações pessoais. Além disso, será necessária a coleta de uma amostra de sangue (5 ml) para testes de tipificação HLA – fundamental para a compatibilidade do transplante.
Estes dados serão incluídos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) e, em caso de identificação de compatibilidade com um paciente, você será contatado para realizar outros testes. São uma avaliação clínicas e laboratoriais. Se tudo estiver certo, a doação é agendada. E o doador não precisa passar por nenhuma mudança de hábito de vida, de trabalho ou de alimentação.
A medula é retirada do osso do quadril, com uma agulha. O organismo humano é capaz de em poucos dias recompor esse líquido retirado para doação. O paciente recebe a medula pela corrente sanguínea, num procedimento parecido com a transfusão de sangue.
G1RN