Estado e município estudam aumento de segurança em escolas
Publicada em 14/04/23 às 09:01h
Eugênio Freitas
Compartilhe
Link da Notícia:
Possíveis ações para melhorar segurança nas escolas incluem rodas de conversa e ronda escolar. Ideia preliminar é de colocar detectores de metais (Foto: Magnus Nascimento)
Líria Paz
Repórter
TRIBUNA DO NORTE
Com o cenário de insegurança no RN e ataques a escolas em outros estados brasileiros, a Prefeitura de Natal e o Governo do Estado discutem medidas de segurança a serem implantadas em escolas do públicas. Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), é estudada a implantação de detectores de metais, bem como equipamentos de videomonitoramento. O Estado, por sua vez, deve se reunir com entidades de esferas que compõem a segurança e educação ainda nesta sexta-feira (14) para discutir a possibilidade de implementação de novas medidas.
Na discussão, membros do Governo devem ainda detalhar medidas já adotadas com esta finalidade, além de analisar ações que necessitam de recursos públicos. Ministério Público, Secretaria de Estado de Educação (SEEC), representantes de entidades ligadas ao Governo Federal, Prefeitura Municipal e segurança pública também devem participar da ação. Enquanto isso, tanto na espera municipal quanto estadual, há ações para aumentar a sensação de segurança dentro das escolas.
A implementação de detectores de metais ainda é um projeto 'embrionário', de acordo com o secretário de educação em Substituição Legal, Aldo Fernandes, mas que deve sair do papel a longo prazo. “É um projeto prematuro, embrionário. Ainda estamos colocando no papel, isso tem suas variantes, mas há um pensamento sim”, afirma. Essa etapa deve acontecer em parceria com a Guarda Municipal.
O videomonitoramento também faz parte das ações e foi iniciado no ano passado. “Evidente que, diante de tudo isso que nós estamos vivenciando, no ano passado foi iniciado um processo para implantar videomonitoramento nas nossas unidades, nossa sede e nos nossos anexos, tanto na secretaria como também em outros prédios”, afirma.
Através da Ronda Ostensiva de Apoio Escolar (ROPE), a Guarda Municipal realiza acompanhamentos das entidades de ensino em toda a cidade de Natal. Segundo o secretário, a entidade ainda realiza ações como palestras e reuniões junto a comunidade escolar “A gente tem todo esse traquejo e todo esse trabalho com as nossas unidades através da ronda escolar”, afirma. Dentro da esfera estadual, as rondas são realizadas pela Polícia Militar.
A Ronda de Proteção Escolar tem quase nove anos de atuação na área de segurança preventiva direcionada às escolas públicas municipais da capital. De acordo com a Prefeitura de Natal, são mais de 140 unidades de ensino geridas pelo município que pela recebem a presença ostensiva dos guardas municipais lotados na Ronda Escolar.
As atividades aliam três pilares que convergem para associar, integrar e gerar participação do guarda municipal na comunidade escolar. A primeira se refere ao patrulhamento e visitação regulares as unidades da rede pública. A segunda é voltada ao planejamento e segurança de eventos promovidos pelas escolas. Por fim, ações sociais preventivas onde os alunos recebem palestras e informações de maneira lúdica, fomentando a imagem do policial como um agente protetor.
Já dentro das escolas, o trabalho adentra o âmbito socioeducativo e envolve um constante trabalho com palestras, rodas de conversas e reuniões com pais e alunos da rede pública de ensino. Na Escola Municipal Santos Reis, localizada nas Rocas, aconteceu na tarde desta quinta-feira (13) uma reunião com pais e familiares dos alunos para debater a questão. De acordo com a diretora Leila Texeira, 51, a ideia é acalma-los e mantar um ambiente próximo com a comunidade.
“Nós convocamos os pais para uma roda de conversa para que eles conversem com os filhos. Acho que a maior segurança tem que vir das famílias. Se eles orientarem as crianças, vai surtir muito mais efeito que só a gente só falar”, comenta a diretora. Diz ainda que em cenários intensos como o vivenciado atualmente, é reforçada a necessidade de medidas urgentes como a implantação de detectores. A escola possui cerca de 650 alunos do ensino fundamental I e II e Educação de Jovens e Adultos. Atualmente conta com um porteiro e a entrada na instituição é controlada.
Professores e pais de alunos relatam tensão nas escolas
Por mais que medidas de segurança façam parte da vida escolar, a sensação de tensão não deixam de caminhar ao lado de cada docente. Segundo o diretor da Escola Municipal Professor Zuza, Arthur Sarmento, é possível perceber uma maior sensação de insegurança entre professores. “Os professores estão com uma sensação mais forte de insegurança”, afirma. No entanto, essa tensão não parte somente das notícias de ataques nas escolas, mas perpassam todo cenário socioeconômico dos estudantes, que por vezes vivem situações de violência dentro de casa.
“A gente já vive uma violência muito grande fora da escola. Os nossos alunos já presenciam muita violência e o grande trabalho que tem que ser feito é um trabalho social”, reflete a pedagoga, Juliana Lacerda, 39. Ela explica ainda que os problemas enfrentados pelos estudantes dentro de casa desaguam no ambiente escolar. Por isso, o investimento em educação é fundamental para sanar essas questões. “É necessário olhar para educação além do quadrado da sala de aula”, continua.
Uma das pessoas que está apreensiva é a dona de casa, Adriana Barbosa, 40. Seu filho de 10 anos e tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Eu sinto mesmo que eu tenho um menino autista, sinto medo de mandar ele para a escola porque ele é grau I e grau III, então quem é que vai confiar que nada vai acontecer?”, comenta. Ela tem outros quatro filhos e diz que ainda o leva para a escola porque precisa cuidar dos outros.
A escola está localizada no bairro Nossa Senhora de Nazaré e atende cerca de 430 alunos do ensino fundamental e EJA. A professora conta que mesmo que entenda todas as situações existentes, não fica confortável com o crescimento da insegurança e comenta que a tecnologia, forte aliada na propagação de notícias falsas, aumenta o medo tanto dos alunos, quanto das famílias.
Já segundo o diretor da Escola Estadual Winston Churchill, na avenida Rio Branco, a tecnologia pode não ser a responsável direta pelos acontecimentos, mas permite a propagação de ideias e informações falsas, já que diversas mensagens são compartilhadas em redes sociais, sem a diferença do que é verdade ou mentira. “A tecnologia tem sido propagadora de interesses e de intenções, não existe regulação nenhuma da internet sobre esses assuntos”, afirma.
ATENÇÃO:Os comentários postados abaixo representam a opinião do leitor e não necessariamente do nosso site. Toda responsabilidade das mensagens é do autor da postagem.